Lapinha da Serra – MG

Lapinha da Serra – MG

Lapinha da Serra fica em MG a 143 km de BH e é distrito de Santana do Riacho. Faz parte da Serra do Espinhaço com paisagens exuberantes e selvagens. Tem apenas 300 habitantes que vivem da agricultura de subsistência e do turismo. Eis a vila:

Emendamos um feriadão no Rio, dia de São Jorge, 23 de abril e fomos eu, Silvinha e nossos Andrés, por 4 dias a desbravar trilhas e cachoeiras. Impossível recusar um convite do casal 20.

Cachoeira de Lajeado

No aeroporto de Confins, alugamos um carro e paramos pra um café da manhã bem mineiro no sítio dos pais da Silvinha – Fernando e Clio, em Lagoa Santa. Tinha uma bacia de pastel, pão de queijo enorme e saboroso, ovo caipira, suco de acerola recém colhida do pé… pena que não ficamos pro almoço! Na foto, André tentando parar de mastigar, tarefa árdua!

A Lapinha fica a 59 km de Confins, mas demoramos quase 2 horas pra chegar por causa da estrada de terra. Chegamos na Pousada DuBreu e fomos recepcionadas pela Maria com aquele sotaquinho mineiro que não tem jeito, enfeitiça a gente. A pousada fica de frente para a lagoa entranhada na serra e tem um café da manhã de cinema!

Já eram quase 3h da tarde quando chegamos, então fomos para a cachoeira do Boqueirão que fica logo ali. Cada um trocou a calça por um short e o sapato por um chinelo, porque para chegar lá, tínhamos que atravessar por dentro de um rio.

Sil atravessando lá e os meninos, cá.

pura lama embaixo!

Bom é que o feriado era só no Rio, então a cachoeira era toda nossa.

Este circuito são 4 cachoeiras até chegar ao Pico do Rapel (ou Pico da Lapinha) que é subida por 2h30 de caminhada, 1.686m de altitude. Este dia não dava tempo, mas os meninos foram subindo para tirar fotos e acabaram chegando ao nível 2 (são 4!) que é um poço formado por uma queda d´água projetada para dentro da montanha através de uma fenda.

Aqui dá pra ver bem a fenda

Nós meninas ficamos lá embaixo, nos primeiros poços, colocando o papo em dia.

Na volta, cervejinha gelada, arroz, feijão e bife de porco. A vida é boa!

No dia seguinte, durante o café da manhã, fomos convencidos por outros hóspedes a ir para a cachoeira da Bicame, nível “difícil” no quesito trilha, 18 km de percurso, vai encarar? O proprietário da pousada, o Marcelo, nos deu todas as dicas! Fomos de carro até o primeiro obstáculo e estacionamos debaixo de duas mangueiras. Seguimos a pé com as vaquinhas.

Eu estava de blusa vermelha, que risco eu corri! Vermelho é provocativo para bois e vacas.

Foram 2h50 de caminhada numa trilha exuberante, rica de rochas e flores.

Chicas inseparáveis!

2h50 só pra ir! até avistar a imponente Bicame, na crista do Espinhaço.

E finalmente de frente pra ela, você se emociona, ela é realmente tudo aquilo, é majestosa!

É tanta água que chovia na gente. E é um lugar tão selvagem que ou você mergulha ou não dá para ficar do lado de fora: é mutuca entrando na sua boca, no seu nariz, no seu olho, devorando-te. E as rochas são tão pontudas que não tem lugar pra sentar. Por isso, partimos antes do que queríamos e fomos descansar num outro canto.

A partir desta porteira, o limite de entrada pra Bicame são 30 pessoas, e daqui não passa carro, bike e nem cavalo. Só a pé.

De volta à Lapinha, ‘almoçamos’ na Rosângela: cervejinha gelada, linguicinha, frango cozido, carne de panela, torresmo, arroz e feijão. Para minha surpresa e do marido encontramos lá nosso ídolo Paulo Tiefenthaler, inusual chef do ex-Larica Total. Muitas emoções e flashes!

No dia seguinte, fizemos uma trilha nível “intermediário”. 2h30 de caminhada, mas quase sem subidas, uma linha ‘reta’ rumo à Cachoeira do Lajeado. Uma cachorrinha nos seguiu desde a vila. Cachorra sabida que ia nos mostrando o caminho. Quando passávamos por uma pinguela e ela não dava conta, logo achava uma saída por outro canto. Uma graça!

A Cachoeira do Lajeado é muito bonita também, e mais uma vez, só pra gente. Ficamos lá um tempão!

Batizamos nossa amiga de Pinguela.

Por sorte não cruzamos com nenhuma cobra nem pegamos carrapato.

À noite jantamos na pousada um farfale ao pesto feito pela Maria e tomamos vinho até tarde.

E a Pinguelinha lá na pousada, dormiu molhada, no sereno, na porta do meu quarto. E eu não dormi direito pensando nela no frio. Forrei o chão da minha varanda com os pisos dos quartos mas ela preferiu dormir enroladinha na grama mesmo. No dia seguinte, acordei e ela, ainda lá. Fiquei tão preocupada dela não ter um dono que naquele dia nem achei graça no belo café da manhã. Na pousada me disseram que ela tinha dona, D. Socorro, e que eu não me afligisse, pois ela ia atrás de todos os turistas e quando eles iam embora, voltava pra casa.

No nosso último dia combinamos um passeio de barco para ver as pinturas rupestres. O Ivan, o guia, disse que a Pinguelinha se chamava Diana e que sua dona cuidava bem dela. Fiquei mais tranquila. E não é que a danadinha foi nadando atrás do barco? Olha ela na represa:

Não é pra amar?

O passeio de canoa é por uma represa que foi feita na década de 50 e margeia o paredão de onde brotam as cachoeiras.

Para chegar às pinturas rupestres de 7 a 12 mil anos atrás, somente com autorização. O Ivan é um excelente guia e nos contou tudo sobre elas!

Tentamos colocar a Pinguela/Diana dentro do barco na volta, mas ela é livre, aventureira e preferiu ir nadando e correndo pelo mato sempre de olho na gente. Cachorra de cinema!!! Uma bénção de bichinha!

Antes de ir embora passei na vendinha pra comprar ração pra ela, mas estava fechada. Fomos até a casa da D. Socorro e lá estava a Pinguelinha com seu filhote, toda serelepe. A casa da senhorinha era bem arrumada e limpa. Ela, muito simpática, me convidou pra tomar um café, agradeceu minha preocupação pela Diana e disse que São Francisco de Assis, protetor dos animais, me abençoasse. Mesmo assim, no avião, vim chorando de saudade da Pinguela e o André me consolando dizendo do tanto que ela é feliz vivendo livre naquela imensidão.

Salve São Francisco de Assis!
Salve Jorge!

*todas as fotos são de nossa autoria

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